quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

• As receitas "à la Giusepito": Sagu com gelado

Com este post, inicio aqui algumas ideias peregrinas numa temática específica. Agora estamos também na cozinha neste meretíssimo blog, com muito gosto.

Descobri há cerca de dois anos a esta parte uma iguariazita que assaz me desperta o pecado capital da gula.

Falo de umas bolinhas, brancas antes de cozinhadas e que ficam translúcidas depois, feitas à base de fécula de mandioca. Diz-se que são mesmo um subproduto da moagem deste tubérculo para a confecção da sua farinha. Portanto algo cujo aproveitamento culinário passa a ser até ecológico.

Julgava que esta delícia, o Sagu, seria originária do nordeste do Brasil, onde o consumo de aipim ou macaxeira deve ser mais alargado. Mas parece que é na zona austral, no Rio Grande do Sul, terra bendita, que tem fama de doce de sobremesa típico. E isto, concerteza, devido a uma razão essencial: é confeccionado normalmente com vinho. 

Visualmente, esta doçura lembra as ovas de caviar. E para o ilustrar, vejamos aqui ao lado uma foto desse manjar, com as variantes cromáticas vermelho e negro, servido em forma de… hamburger duplo, veja-se só o sacrilégio!…

Pessoalmente, o seu gosto e a sua textura assimiladas pela nossa língua, digo as bolinhas e a sua calda em conjunto, recordam-me gelatina. E julgo que a substitui com larga vantagem no prazer do paladar.

Quando um dia tiver o meu rico restaurante - devo isso aos meus pares humanos deste mundo dos deuses, caramba!… não?... cuideis que era melhor estar mazé quietinho? - há-de aí ser incluída no cardápio uma sobremesa que será no aspecto físico basicamente algo similar ao que esta imagem ao lado mostra. 

Com uma grande diferença: o Sagu de vinho - ou com aroma de frutos vermelhos adicionado, como por exemplo framboesa - será o recheio e a esfera em que este está contido constituída por um gelado de baunilha ou nata, bem alvo, como convém.

Para a forma do gelado, espero um dia conceber o adequado molde metálico, em aço inoxidável, recorrendo á ajuda de uma equipa de engenharia altamente qualificada.

Nome para esta receita?… Talvez "Olho de Boi". Estou aberto a sugestões ou convites para a confeccionar para cobaias que se cheguem à frente como voluntárias. Anyone out there?..

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

• Nação peregrina

Este nosso país está a tornar-se cada vez mais nos últimos tempos uma ideia peregrina…

Terá sentido existir enquanto nação independente? Se não tem novos filhos que a consigam governar, apenas gerir, e não totalmente sob o seu controlo mas antes muito à deriva… E os velhos já abdicaram ou não se sentem com forças.

Às vezes deambulando por aí, à toa, mirando tanta obra feita, e bem executada mas talvez sofrivelmente gerida, penso comigo: "como fomos capazes de edificar isto tudo?…". Temos que ter sido bons no passado recente. Então, para onde foi essa nossa valia, enquanto povo? Como a perdemos?

Por exemplo, veja-se o cenário urbano na foto acima. Há 15 anos nada existia ali, no Parque das Nações, em Lisboa, senão depósitos de sucatas... e vêm-nos zumbir aos ouvidos que há por aí uma crise... que, ou é impressão minha, ou também existirão outros que pensam, tal como eu, que nasceu de um dia para o outro?…

E já agora, outro feeling que não deve concerteza ser só meu: não é assustadoramente desolador ver tantas lojas de comércio dos mais variados bens, agora permanentemente em saldos ou liquidações totais? Agora até de artigos de luxo e de marcas topo de gama… 

Porque não conseguimos vislumbrar senão um futuro negro? Será que ainda valemos a pena? Ou é mesmo melhor zarparmos todos, como nos apontam, ainda timidamente, os que não têm toda a arte e o engenho de nos governar que esta nação carece?

Soa a pessimismo, isto que resmungo aqui, entre dentes? Não, é bem pior. É capitulação. Estou a tornar-me naquilo que não queria nunca ser: um velho do Restelo.

Ó meus deuses, dai-me ânimo, urgentemente, por favor, que esta realidade está a ferir-me tanto!…
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Para ouvir a banda sonora original (OST) deste post, clicar aqui.