sábado, 26 de janeiro de 2013

• Quero ir para a Antárctica!

Panorama do horizonte que se pode disfrutar na estação polar McMurdo
Num outro blog meu publiquei recentemente, assim de rajada, dois posts sobre o desapontamento - quer no meu pequeno país, quer em todo este mundo - com os tempos actuais que me vem assaltando. E foi assim que desceu em mim esta ideia peregrina de desejar ir fazer companhia a bandos de pinguins reais  (Eudyptes schlegeli).

É que se a vidinha é chata por aqui e agora, tenho p'ra mim que há um bom remédio: a hibernação. E que melhor lugar para hibernar do que onde faz frio? Bué da cold, mesmo? Pois claro! A Antárctica é a solução.

Desde sempre quis um dia ser um turista naquelas paragens. E desde que sei que até já há uma gift shop na Estação Polar Amudsen-Scott, no pólo Sul geográfico - gerida, claro está, por esses capitalistas desses yankees - e que hoje é relativamente fácil aterrar lá. Isto, é bom de ver, numa pequena janela temporal de umas semanas do verão austral, da ordem da meia-dúzia apenas, provavelmente. Mas o que já permite que cerca de uma ou duas centenas de pessoas comuns possam todos os anos contar que um dia das suas vidas puseram lá os pézinhos.

Mas bem… É bom não fazer nada e só viver de passear por tudo o que é recanto singular deste mundo. Pena é que também se tenha de ganhar a vida, no caso de um tipo como eu. E esta premissa até pode não ser má de todo…

Como postos de trabalho são um bem que vai escassear cada vez mais no futuro próximo, e que as actividades humanas me parecem cada vez mais só nos proporcionarem lutar por desafios que nos darão - se chegarem a dar, ainda assim - vitórias sempre efémeras, tenho de me impôr o seguinte critério na escolha de uma nova aventura profissional: tem de valer mesmo a pena o sangue, o suor e as lágrimas que vou verter.

E quais são esses desafios profissionais que são mais compensatórios, em termos de memórias vindouras de que nos podemos orgulhar? São, a meu ver, aqueles que se encaram como um sacerdócio.

E quais são os sacerdócios que um ateu como eu pode abraçar? Certamente não os que envolvem ter uma fé. Tem de ser, então, algo a ver com a Ciência.

Sim, sim, o território da Antárctica
também tem o seu estandartezinho! 
To make a long story short, vou doravante procurar um emprego numa área científica, numa das várias estações polares dos diferentes países que as edificaram no meio das imensidões geladas sulistas, tão fascinantes como inóspitas.

É uma ideia bem peregrina, certo. Mas não original. Já muitos seres humanos antes de mim a tiveram. E sobreviveram para contar aquelas alegrias e desventuras dos melhores períodos das suas existências aos seus netinhos. Se estes se dispuserem a largar as playstations por um quiquito, para ouvir com alguma atenção as tretas do kota do avô...

Mapa da próxima aventura onírica pietriniana
Quero ser mais um elo da cadeia a ajudar as missões no terreno a descobrir vestígios de vida, antiquíssimos de muitos milhares de anos, enterrados no gelo do lago Ellsworth, acidente geográfico de carácter subglaciar. Esmiuçar o que se passa com o mito do tesouro do ouro nazi escondido nas redondezas do lago Vostok. Fazer parte da grande comunidade que mantém a estação polar de McMurdo up and running. Patrulhar os horizontes infindáveis deste continente gelado com trenós puxados por cães ou em snowmobiles. Ou até tirar cafés expressos de jeito na tal gift shop na estação do pólo Sul de que falei lá atrás neste arrazoado de delírios.

E se alguém me disser que isto é muito louco, retorquirei com o convite para zarpar daqui comigo para lá. Afinal, cá já não há lugar para um cada vez maior número de nosotros. Sobretudo para aqueles que ainda se atrevem a querer sonhar...