quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

• Uma pedra mais para o meu castelo - V


Os tempos recentes não vão mesmo nada de feição a poder realizar sonhos… Mas sonhar ainda continua - pelo menos hoje nada vi de contrário - a ser permitido e livre de impostos. Menos mal...

Hoje não vou depositar aqui só mais uma pedra para o meu castelo, mas antes várias.

Várias pedras amontoadas podem formar uma rústica lareira bem funcional e esteticamente agradável. Como a que se mostra na foto no topo deste post

Lareiras são elementos de um lar, doce lar, que costumamos ver em salas de estar. Já um jacuzzi não. Mas há lá melhor forma de estar ou receber convidados do que de molho numa água bem tépida e com bolhinhas?… Mesmo que estejamos no pino dum inverno rigoroso numa região de clima frio?

Para mimar os meus hóspedes, bem gostaria também de ter um dia uma sala dedicada em exclusivo ao audio-visual. Uma sala só para assistir televisão, ver filmes ou escutar música. Um exemplo aproximado do que eu desejaria está ilustrado na foto ao lado. Com aqueles puffs a cobrir quase toda a área, até apetece ficar ali alapado a ver a reprodução duma k7 Betamax com uma cópia antiga cumó caraças desse grande êxito, a "Música no Coração", dobrada em mandarim!…

Assim, no meu castelo a sala de estar será só mesmo para isso: para estar. Estar a repousar, a ler um livro, a conversar ou a não fazer a ponta dum corno, deixando apenas o tempo escorrer.

Há muito tempo fiquei obsecado com uma ideia que se me colou à pele como giríssima: ter uma área com soco rebaixado no centro da sala de estar, com o seu bordo revestido a fofas almofadas à laia de assentos. Como se vê nesta ideia para um recanto de estar, na foto ao lado. Bem sei que é uma proposta para um recanto exterior... Mas eu transplantava-o tal qual para um sítio interior. 

Outra proposta interessante para um centro de sala de estar é o que está nesta outra foto aqui, com o dito soco com uma forma circular. Melhor para disfrutar da lareira, que assim voltamos a recolocar na divisão da casa a que esta está mais habituada a impôr a sua sempre benvinda presença. Até numa noite um quiquito só mais fresca de estio, digo eu, que adoro olhar uma bela chama a crepitar num tronco de aromática lenha de azinho.

E é isto por agora. Outros sonhos se sucederão mais tarde, au fur et à mesure acrescentando outras pedras.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

• A Felix Arabia

Chove copiosamente nesta tarde no meu país. E me recordo de uma amiga especial com um enorme coração que vive lá longe, a norte. E que detesta chuva.

A chuva, para quem está afastado das lides do campo, não costuma ser prazeirosa... E como há cada vez menos pessoas a trabalhar no sector primário da agricultura… Isto leva-me a concluir que muito poucos ou quase ninguém no meu país gosta da chuva, chuva, chuvinha… Como cantava a saudosa senhora da mala de cartão.

Em tempos, contudo, descobri um povo deste mundo com um costume curioso. Que é não apenas gostar mas literalmente amar a chuva que do céu lhes cai.

E não, não são os britânicos… é um povo duma orgulhosa nação da península arábica. Do sul desta região, por vezes conhecida como a Felix Arabia.

Quem me estiver a ler até aqui dirá: "Pudera! Devem passar-se anos que os coitados não vêem um pingo de chuva…". E eu retorquirei: "Errado!!! Aquilo lá cai a cântaros na época da monção."

"Como assim? Julgava que aquelas partes eram só desertos de areia completamente secos…", espantam-se os leitores.

Pois, mas não é tudo sempre assim. Quando do verão do hemisfério norte as grandes bátegas de água trazidas pelos ventos da monção que se abatem sobre a Índia, também se guardam um pouco para cair na região sul do Sultanato de Oman, sobretudo na sua província de Dhofar, junto à fronteira oeste com o Yemen.

Aí os habitantes bendizem a chuva com que são presenteados. E não só eles como os seus vizinhos locais das grandes cidades da Arábia Saudita, dos Emiratos Arábes Unidos, do Qatar, do Bahrein, e etc… É que sabe bem sair de temperaturas acima de 45º à sombra e de ares tremendamente secos e ir passar férias com uns amenos 25º de máxima no meio de nevoeiros matinais e levar com uns aguaceiros daqueles a que nós chamamos de chuva "molha-parvos" nas fuças.

É mesmo isso o que leram: há gente que tira férias no tempo molhado e gosta bués disso!… Aliás, a chuva é mesmo o maior trunfo turístico da região de Dhofar na divulgação que esta faz. Para ver um pequeno filme promocional, clicar aqui.

As voltas que a minha mente conturbada dá!… No último post, do mês anterior, queria ir para o frio da Antárctica… Agora desejo também sentir o calorzinho duma Arábia que julgamos bastas vezes demasiado quente para nós, europeus. Mas onde podem afinal existir lugares bem aprazíveis. E sem necessidade de ar condicionado.

É então uma terra prometida, o Sultanato de Oman? Sim... Porque não?… Os portugueses já se deram bem por lá uma mão cheia de anos. Quando até lá construíram fortalezas para exercer algum domínio na zona do estreito de Ormuz.

Uma nação próspera, Oman, e ainda envolta em algum misterio, tão-só por não serem paragens das mais populares na oferta do mercado global do turismo. Mas bem merecedoras de receber muitos mais forasteiros. Mirai só este idílico Al Bustan Palace Hotel, das mil e uma noites, aqui na foto neste parágrafo... Para quem quer ir para Shangri-La, como eu, vendo a paisagem envolvente, parece uma muito razoável aproximação. Olaré!...  

E depois, foi e é ainda daqui que se extrai uma substãncia nobre, o incenso, também denominado de olíbano. Entre os anglo-saxónicos falantes, frankincense, mundialmente usado como essência na indústria da perfumaria.  E que é retirado da goma ou resina de uma árvore quase arbusto, a Boswellia. Que foi na lenda uma das oferendas dos três Reis-Magos ao recém-nascido Jesus, o tão aguardado Messias, junto com o ouro e a mirra.

"E o povo, pá?"… O povo, ese é mais bravo do que do que os de Fafe, com quem ninguém fanfe! Andam sempre armados com a adaga omanita à cintura, no idioma local conhecida por Khanjar. Que é um símbolo nacional, presente no escudo desta secular nação. Mas se ninguém os chatear, até são pacholas e bem hospitaleiros, diz-se… e eu acredito.

Tá decidido! Quero ir p'ra lá!