sexta-feira, 20 de setembro de 2013

• Vinum et Caseus

Ok! Vamos imaginar um wine & cheese restaurant ou bar, algo já relativamente comum, sobretudo em países emergentes no panorama mundial de produção de vinho ou em mercados consumidores mais evoluídos e exigentes.

Não é bem disso que se trata nesta ideia peregrina de hoje. Vamos pensar num conceito mais alargado. Vamos acrescentar a esta base inicial de um local para se degustar estas duas iguarias - e não só - também uma mercearia fina, no hall de recepção e de saída para o restante espaço.

Depois de atravessada esta área, pensemos noutra onde num ambiente informal e descontraído se pode passar então à prova de produtos alimentares. Cuja curiosidade sobre estes foi entretanto despertada e impulsionada no espaço anterior.

Esta segunda área pode não ser muito diversa dum wine bar ou restaurant. Não sendo particularmente vocacionada para um serviço de refeições normal de Lineu, embora não seja de excluir de todo estudar a inclusão dessa funcionalidade.

Agora pensemos numa terceira área, a mais inovadora. A que designaremos pomposamente como um "Spa Gastronómico".

Neste espaço se fará o usufruto da tranquilidade de um jardim - coberto nas épocas mais frias do ano - que se assemelhará ao de uma antiga e senhorial villa romana. Equipado com pequenas piscinas, jacuzzis, jogos de água, áreas de massagens, relvados polvilhados com puffs, galerias em arcadas com chaises longues ao estilo romano. E o mais que se possa ainda conceber para enriquecer o todo de experiências relaxantes.

Numa linha, um espaço onde qualquer pessoa - bem como o séquito que a acompanhe - se possa sentir como um rico tribuno do senado romano, com todas as mordomias com que se deseje ser mimado um dia na vida de cada um de nós.

Um recanto onde se permitam que os nossos sonhos mais recônditos e íntimos sejam livres para voar. E até despertar aquilo que não terá sido jamais sonhado.

Algo que vá muito além de um qualquer vulgar serviço de restauração. Que possa ser um farol para as tendências futuras da restauração e de turismo de elevada qualidade e inovador.

Não se pretende aqui organizar eventos como orgias romanas. Tal como publicitado neste cartaz, aqui. Ou tão pouco bacchanalias, como este outro evento neste anúncio, aqui. Mas tem de haver algo que apele constantemente ao nosso espírito hedonista, como os resorts desta famosa cadeia internacional, cujo website está aqui.

Programas de actividades serão estudadas para a ocupação de um dia inteiro neste particular spa.

Quanto ao core business, ou seja, os produtos a comprar e/ou a consumir no local inspiradores deste spa gastronómico, o vinho e o queijo… procurar-se-á ter uma amostra de tudo um pouco que se faz em qualquer canto do mundo. Já que vivemos num mercado altamente globalizado. E que cada vez mais o será. 

Não se cairá na patriótica tentação de dar particular destaque aos produtos nacionais. Até porque se demonstrará que será descabido, porventura. Que estes não estarão de todo diminuídos num confronto com o resto do mundo. Muito pelo contrário, aliás.

Não se destacarão tão pouco os vinhos e queijos mais exclusivos e caros. Não se pretende cativar aqueles que sejam mais experts nestes produtos. Os que sabem dizer, ao cheirar uma simples rolha de cortiça retirada duma garrafa, de que vinhedos e de que ano é o néctar que estão a degustar.

Pretende-se mesmo libertar de um certo snobismo o ambiente deste spa gastronómico.Quer-se que seja um lugar onde qualquer neófito não se sinta desconfortável.

Sobretudo deseja-se que seja um lugar onde se possam experimentar novidades. Curiosidades. Produtos de origens mais inusitadas. Que se pesquisarão de uma forma contínua, sem cessar.

Ou seja, concretizando um pouco mais, vinhos de lugares menos conhecidos pela sua produção. Como o Japão, o Brasil, a China, a Moldávia, a Índia, o Médio Oriente, o Uzbequistão, o Canadá, a Crimeia e a região do Cáucaso, onde é consensual que a vinha nasceu para o vinho. Ou de variedades menos divulgadas. Como os icewines ou o recente sushi wine. Ou queijos mais invulgares. Como o Juustoleipa, da Finlândia, um queijo feito de leite de rena, com alguma surpresa particularmente indicado para ser grelhado, porque não derrete. E que se devora com doce ou compotas.

E não há como estar limitado apenas a vinhos e queijos. Há toda uma outra variedade de bebidas, de teor alcoólico ou não, que podem ser benvindas neste conceito de spa. Como a cerveja, a sidra, o hidromel e outras espirituosas, sumos de uva e águas minerais mais raras. E ainda o pão, que assume tantas formas e sabores por este mundo todo. E a charcutaria fina. Os frutos do mar. O sushi. Etc..

Sem esquecer ainda o capítulo dos doces. O chocolate, produto por excelência a combinar com vinhos de sobremesa. E algumas delícias menos divulgadas confecionadas com vinho. Como o Sagu, do Rio Grande do Sul, Brasil. A gelataria fina. Os doces conventuais. Etc..

E é isto, em linhas breves, mas que se alongaram já demasiado por ora, uma das minhas preferidas ideias de negócio, da minha quiçá prolífera imaginação parida.
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Nota do autor: estamos a viver no momento no meu vetusto país uma conjuntura económica pouco propícia a grandes investimentos. E eu mesmo já vivi dias melhores em termos financeiros e pessoais. Eu devia ser comedido e talvez não sonhar alto. Mas não sei fazê-lo sem ser em modo "o limite é o céu".

Isto é uma ideia de negócio perfeitamente alucinante, devo talvez reconhecer. Mas eu não sei ter senão ideias peregrinas. Ainda. A dura realidade todavia não me venceu. E eu julgo que o mundo precisa de mentes como a minha. Oxalá, apesar de tudo, alguma ideia que de mim saia vingue um dia.

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