quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

• Amo o que faço

Eram umas sete e pouco da matina dum domingo que se anunciava bem radioso.

Estou vestido todo pinoca e vou a conduzir um Mercedes E-Class preto. Rumando desde a minha casa até Óbidos, à vontadinha ao longo duma A8 vazia de outros carros. Ouvindo Bob Marley no sistema audio da viatura. Que era o meu circunstancial brinquedo.

Assim de repente, dou por um espectáculo da nossa querida mãe-natureza, a decorrer ali bem ao meu lado direito.

O sol tentava nascer atrás da Serra de Montejunto, que brilhava como se fora uma pepita de ouro gigante.

Dei por mim a falar comigo mesmo, exclamando entre dentes “Eu tenho mesmo o melhor emprego do mundo!…”.

Isto foi há uns dez dias atrás. Quero passar esta memórias para este blog mais cedo do que apenas hoje. Mas o ritmo intenso de outras mais boas experiências que venho vivendo não me deixou tempo de qualidade para escrever.

Dirigia-me naquele dia até à Pousada do Castelo de Óbidos, a buscar duas ilustres viajantes do país do sol nascente ali alojadas. Afim de as trazer até á capital ao fim dessa jornada. A simpatia que mutuamente eu e estas dedicámos um às outras leva-nos a cumprimentarmo-nos com um singelo “Namasté”.

Talvez por estas senhoras serem do país do sol nascente apreciaram sobejamente uma fotografia do nascer do sol perto do seu hotel que tirei enquanto as aguardava. E pediram-me que partilhasse essa mesma foto por email com elas.

Na véspera tinhamos vindo de Coimbra até esta unidade hoteleira tão peculiar. O que me obrigou a vencer a distância desde a entrada nas muralhas de Óbidos até á recepção da Pousada, rompendo através da multidão que acorreu naquela tarde de sábado ao evento de animação ali presente, chamada de “Vila Natal”.

Chateei montes de famílias com carrinhos de bebés que pululavam pelas artérias estreitas e íngremes daquela bela Oppidum, que se viram forçadas a desviar-se do seu aprazível passeio para permitirem a marcha lenta do meu bólide através daquela mole de gente muito mas muito pachorrenta...

Os impropérios que então ia ouvindo - a somar aos que não ouvia mas adivinhava - protestando contra esta minha démarche até me deram mais alento no cumprimento da minha missão. E fizeram-me sentir um gajo assaz importante, por estar a importunar tanta gente.  ;-)

Amo mesmo o que faço, tal como já o proclamei num post noutro dos meus blogs.

E vejo o meu empenho reconhecido, na maior parte das vezes. De várias e variadas formas. Como nestes cartões que as “minhas” alegres viajantes nipónicas me presentearam no fim do dia.